'Mas é tudo novo de novo, Vamos nos jogar onde já caímos. Tudo novo de novo, Vamos mergulhar do alto onde subimos...'
Eu gosto de você.
Omissão é diferente de mentira. Omito, para o meu bem, para o meu conforto e por costume. Não estou jogando a culpa para cima de alguém, estou apenas deixando as coisas se acalmarem. Minto apenas pelo bem alheio, os conselhos são dados sinceramente. No escuro é mais fácil, não dá para ver os olhos e eles dizem exatamente o que queremos saber. Somos nosso próprio alvo, arrancamos nossa própria pele involuntariamente, quase sem querer. Sinto quando digo que estão todos errados, bem no fundo queria poder concordar com tudo e me mostrar como pessoa, não como rato, mas é difícil aceitar que a solidão me persegue em certas horas, eu ainda não tenho certeza do que vem acontecendo, o tiro no escuro pode não ser certeiro, mas arrisco. Minhas mãos tremem, meu coração está pulsando errado, rápido e forte, minhas costas doem. O peso não some, é quase esmagador e esse cansaço não me deixa dormir direito. Assumir o erro é relevante, saber que errou é que deixa angústia. Por um momento eu penso em desistir de tudo, de você, de mim, mas o que eu me tornaria? Piso em ovos, caminho em linha tênue e sem para baixo. Não quero cair, não. Quero respirar, sentir o vento gelado batendo no rosto, ter aquela sensação de que tudo está perfeitamente bem. Vazio. Medo. Dor. Parar de proteger os outros e proteger a mim mesma... Agora não, estou criando os filhos ainda, cultivando as sementes especiais, colhendo apenas o que existe de mais perfeito, estou matando as pragas e inalando meu próprio veneno e que diferença faz? Amanhã é um novo dia, prepare-se para o temporal.